segunda-feira, 2 de maio de 2011

O clássico dos clássicos como deve ser



Coloque um clima de guerra, tensão do início ao fim, semifinal de Campeonato Paulista, disputa por penaltis, expulsões, discussões sobre a arbitragem, temperado por uma leve garoa num domingo a tarde e você terá os ingredientes para um clássico do porte de Palmeiras e Corinthians.


Durante toda a semana o lado alvi-verde da força reclamava quanto à escolha do árbitro Paulo Cesar de Oliveira para apitar o dérbi. Já os alvi-negros não ficaram satisfeitos com a divisão das torcidas no Pacaembú. O chute no vácuo de Valdívia e as declarações de Dentinho também deram uma apimentada a mais no duelo.


Dentro de campo, pelo menos no 1º tempo, viu-se mais briga do que futebol. O zagueiro Danilo foi expulso após ter aplicado um "carrão" em Liédson e Valdívia saiu após dividida com o vácuo em um lance cômico. Aí você pensa: "Agora o Corinthians vai dominar a partida!". Errado!


O Palmeiras foi superior durante os 90 minutos, criou mais oportunidades, não deixou o Corinthians jogar e soube se virar com um jogador a menos. dois, na verdade. Porém, desperdiçou muitas chances. Méritos para Julio Cesar e...tá, só para o Julio Cesar, que não conseguiu evitar o 1º gol palmeirense.


Aí depois do tento alvi-verde você diz mais uma vez: "Agora não tem mais jeito, vai dar Palmeiras". Errado novamente. Passam-se alguns minutos e Willian em um dos poucos lances oportunos, marca um gol chorado e deixa tudo igual.


E então as duas equipes parecem se contentar com a disputa de pênaltis que está por vir. E veio. Os corintianos aflitos. A lembrança de São Marcos e as Libertadores de 1999 e 2000 vêm à tona, o retrospecto palmeirense é amplamente maior. Aí você diz...não! Chega! Você não vai dizer mais nada pois estará errado novamente!


Na disputa deu para ver que os batedores estavam muito bem treinados. Nas primeiras 5 cobranças todos foram eficientes. Mas quando chegou a hora de João Vitor cobrar, o desfecho do dérbi começou a ser pintado de preto e branco. Julio Cesar defendeu a cobrança e logo depois Ramirez (o Cachito) converteu a penalidade, dando a vitória e a classificação para a final do Paulistão 2011 ao Timão.


Para os alvi-negros: "Legal! Não vamos ficar 20 dias sem ver o time jogar."


Para os alvi-verdes: "Poxa, cadê o Marcelinho numa hora dessa?"

domingo, 1 de maio de 2011

Quem disse que técnico não ganha jogo?

A atriz Fernanda Paes Leme escreveu em seu twitter uma frase que acabou repercutindo bastante: “Perder para o Santos é licença poética”.
O torcedor são paulino não pode (e não deve) achar que o time é desqualificado simplesmente porque foi eliminado no Campeonato Paulista. O elenco do São Paulo é muito forte, do mesmo modo que os 11 que entraram em campo na tarde do sábado no Estádio do Morumbi.
Discussões à parte, o Tricolor dominou amplamente o primeiro tempo do jogo, criando muitas chances de gol e sempre chegando com perigo na meta de Rafael. O problema é o de sempre: o time cria as oportunidades e desperdiça. É preciso treinar finalização, é preciso ser mais preciso, se é que você me entende.
No intervalo, o técnico santista Muricy Ramalho realizou uma alteração inusitada. Tirou o atacante Zé Eduardo, responsável por fazer gols no time do Santos, e colocou em campo Bruno Aguiar, zagueiro raçudo, mas sem tanta qualidade técnica.
O torcedor estranhou.
Há quem tenha chamado o tetra-campeão brasileiro de “burro” ou “retranqueiro”, pode ter certeza disso.
A questão é que poucos entenderam o que o treinador do Santos pretendia com a alteração. Era simples e nítido!
Elano, Ganso e Neymar, os três principais jogadores do Peixe, não conseguiam segurar a bola lá na frente e direto e reto o Tricolor atacava e acuava o adversário.
A solução encontrada foi fechar a defesa com três homens, soltar os laterais Jonathan e Léo (que adoram atacar) e deixar Elano, Ganso e Neymar flutuando perto da zona defensiva do São Paulo.
Deu no que deu.
Dois times com características semelhantes, mas um deles tinha craques, o outro não.
E os craques fizeram a diferença.
Muricy fez a diferença e o Santos levou mais essa.
Que jogo!


Por Gabriel Carneiro

terça-feira, 26 de abril de 2011

Harmonia em Trítono - Fim do Primeiro Capítulo


Para minha surpresa, encontrava-me em minha cama olhando para o teto, e aquela névoa ainda parecia estar lá, mas desaparecendo. Não sabia bem qual era o limiar entre sonho e realidade. Num estado de semi-sonambulismo, peguei minha guitarra. Não raciocinava música alguma, meus braços tocavam algo que nunca havia idealizado.
Era uma música peculiar. Quando parava de fazer a base, ligava a canção com “riffs” que soavam como gritos desesperados de imploração por clemência. Aquilo não vinha de mim, mas reconheço que achei genial. Afinal, os melhores músicos foram aqueles que chocaram seu público, tanto com a beleza virtuosa e cristã, quanto com a escuridão.
Durou exatos 47 minutos. Parecia um ritual para entrar em contato com algo, ao mesmo tempo, elevado e subterrâneo. Era a minha sinfonia. Passei anos compondo para minha banda de rock e nunca havia sido de tal genialidade. Não reconheci a mim naquela melodia, porém, se não fosse minha, a quem mais pertenceria?
Não pude anotá-la ou mesmo gravá-la. Quando terminei de tocar, caminhei lentamente até o pedestal, onde deixei a guitarra, e voltei para a cama como uma marionete de sabe lá quem ou o que. Foi aí que retomei total controle sobre meu corpo e mente, podendo voltar a dormir.


 Considerações:


Espero que tenham gostado do primeiro capítulo de meu livro, "Harmonia em Trítono". A história tem ainda muita coisa pela frente e, lendo apenas esse trecho, é impossível imaginar seu desenvolvimento e desfecho. Cheguei a pensar em postá-lo inteiro aqui, mas acredito que seria tempo demais para vocês acompanharem a história. Também confesso que tive medo de ser plagiado. Provavelmente conseguirei revisá-lo até o fim do ano, para poder publicá-lo.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Libertadores: roteiro cinematográfico

Santos 3x1 Deportivo Táchira
37 mil santistas tomaram o Pacaembu no fim da tarde desta quarta-feira, 20 de abril.
E certamente nunca esquecerão a data.
Viram um Santos seguro, confiante, absoluto dentro de campo contra o fraquíssimo Táchira/VEN.
Há um tempinho atrás todo mundo imaginava que o Santos, por causa do início complicado, fosse se dar mal logo na primeira fase da Libertadores.
Adílson Batista não conseguiu arrumar o time, nem Marcelo Martelotte.
Entendo e respeito a teoria de alguns de que técnicos devem ter um tempo de adaptação para que comecem a ser cobrados por resultados.
Mas somos obrigados a admitir, principalmente depois dessa partida, que a demissão de Adílson e a contratação de Muricy Ramalho salvaram a temporada do Santos.
Um time apático, sem brilho e sem brio se transformou numa máquina de pressão, de marcação e de vibração.
O Santos renasceu.
Dos pés de Neymar, Jonathan e Danilo saíram os gols que coroaram mais uma grande atuação do Peixe da Vila Belmiro, ou do Pacaembu.
É como a torcida não parou de entoar das arquibancadas: “Tiraram onda bem antes da hora, mas essa camisa tem que respeitar. Já fez seu nome pelo mundo inteiro, é o nosso amor primeiro, é o Leão do Mar!”.
Argentinos Jrs 2x4 Fluminense
Para o Tricolor das Laranjeiras, ao contrário do pensamento pitagórico, os números não significam nada. Nem a matemática, nem as probabilidades, nem as porcentagens, nem as críticas, nem nada.
Quando o Fluminense quer, ele consegue.
Bastava usar a única tática que ainda não havia usado nessa Libertadores: jogar bem.

Muricy, aquele mesmo que mudou o espírito e classificou o Santos, foi o algoz, não conseguiu fazer o Fluminense jogar bola durante sua passagem.
Saiu e o time continuou sem render.
Talvez para dar mais emoção no final, pois é assim que o Fluminense vai.
Os admiradores do futebol guerreiro e incansável devem levantar-se e aplaudir. Classificação honesta e bonita.
É uma pena não termos mais Nelson Rodrigues para invocar uma daquelas crônicas épicas e inesquecíveis.
Ele certamente renovaria a afirmação de que
...o melhor time é o Fluminense.  E podem me dizer que os fatos provam o contrário, que eu vos respondo: pior para os fatos”.
Nesse caso, pior para a matemática.
Vida Dura
Milagres à parte, é bom ver que todos os brasileiros que entraram na fase de grupos da Libertadores conseguiram a classificação.
E é agora que a competição começa a ficar tensa e ainda mais empolgante.
Confira as chaves:
Cruzeiro x Once Caldas
América/MEX x
Santos
Junior Barranquilla x Jaguares
Cerro Porteño x Estudiantes
Libertad x Fluminense
LDU x Vélez Sarsfield
Internacional x Peñarol
Universidad Católica x
Grêmio
CRUZEIRO X SANTOS e INTERNACIONAL X GRÊMIO nos aguardam nas quartas-de-final.
Emoção à flor da pele? É, talvez, talvez...


Por Gabriel Carneiro

terça-feira, 19 de abril de 2011

Harmonia em Trítono – Parte 2

Ela se aproximava. Pude notar os traços de seu rosto e tive uma surpresa. Era a imagem de minha mãe. Não a via desde meus seis anos de idade, quando ela e papai desapareceram. Mas não sentia seu calor, na verdade sentia náuseas. Era algo que representava um mal incompreensível se apoderando da imagem de mamãe.
Seu caminhar durou até o momento em que parou a dois metros da porta onde me encontrava petrificado. Foi minha vez de andar até ela, não porque tinha vontade, mas sim, porque estava sendo atraído, forçado. Andei até poder encostar levemente a minha testa na sua. Não nos tocávamos. Apenas tínhamos nossos rostos colados um no outro. Ambos estávamos de bocas abertas e eu podia sentir o calor de sua respiração descendo goela abaixo.
Após alguns minutos de silêncio, ela começou a falar. Não podia entender, eram apenas sussurros. Talvez não tivesse o objetivo de ser compreendida, apenas de jogar aquelas palavras com ar de oração sombria dentro de mim, para ferir minha alma. Ela falava algo rapidamente, depois parava, abria a boca, soltava um suspiro muito parecido com o vento que entra levemente pela janela durante uma madrugada fria e seca, e então voltava a falar.
Naquele estado de horror, não esperava que algo pior pudesse vir de minha suposta figura materna, mas podia. Ela suspirou após sua última fala e colocou sua língua dentro de minha boca. Na verdade, nossas línguas se entrelaçaram numa dança sensual que uma mãe não tem com seu filho, algo como um ritual de carne que as religiões chamariam de satânico. Nossos rostos estavam congelados enquanto nossas línguas se moviam.
Um fluído arroxeado passava de sua língua para a minha. Aquilo estava sugando minha vitalidade. Sentia como se estivesse enfraquecendo e cedendo eternamente àquele estado endurecido no qual me encontrava, poderia permanecer para sempre ali, até a morte de meu espírito. No entanto, em certo momento, comecei a sufocar como se aquilo tivesse entupido minha via respiratória. Minhas veias saltavam na cabeça, assim como meus olhos inchavam. Foi aí que, em milésimos de segundo, fui arrastado, despencando do plano astral ao físico como se minha alma caísse sobre meu corpo. Acordei.
Por Luiz Vassalo

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nosso sistema eleitoral realmente melhorou?

A Comissão para a Reforma política entregou nesta quarta feira o relatório final ao presidente do Senado, José Sarney. Foram cinqüenta dias de trabalho em que, toda terça e quinta feira, os senadores representantes de cada partido debateram propostas de emenda constitucional visando à melhora de nosso complexo e falho sistema eleitoral. Agora, as propostas passarão pela aprovação pela Comissão de Constituição e Justiça, pelo Plenário do Senado e pela Câmara. Pouparei vocês, meus leitores, de dissertar sobre perfumarias assim como a decisão sobre datas de posse e critérios para suplência.
Finalmente acaba a reeleição. Essa aberração que foi acrescentada em nossa Constituição por FHC e reaproveitada por Lula, chegou ao fim. Nosso ex-presidente tucano, aproveitando a bandeira da estabilização econômica, conseguiu a aprovação dessa medida inconseqüente e se reelegeu. Durante o governo petista que se iniciou em 2002, nunca antes na história desse país nos deparamos com um presidente que, preocupado com as próximas eleições, fez tanta propaganda eleitoral durante o mandato. Um ponto para a Comissão.
Decorrente da queda da reeleição, aumentou-se o mandato de 4 para 5 anos. Creio que também seja decisão acertada. Esse período de mandato é suficiente para realizar, ao menos, boa parte do que os candidatos tiverem em seu projeto.
Outra vitória para nosso país é o financiamento público com limite de gastos às propagandas eleitorais. Não haverá mais grandes disparidades quanto à diferença do marketing entre os políticos, o que tornará o horário eleitoral mais democrático. No entanto, não acredito que isso acabe com esquemas de corrupção, assim como o de PC Farias durante as eleições e o governo de Fernando Collor. A corrupção se adéqua ao sistema.
Por outro lado, temos uma boa novidade acompanhada de um erro grave. O fim das coligações durante as eleições poderia gerar comemorações se não estivesse atrelado à decisão em relação à lista fechada. Agora, deixaremos de votar em deputados e vereador para dar nosso voto ao partido, que elaborará uma lista predefinida, por ordem de preferência, de quem assumirá aos cargos. Como podemos confiar em um partido em si, quando dentro dele não existe a menor coerência? Primeiro precisamos ter uma lógica que mova o ideal e as decisões dentro dos partidos, para, só depois, decidirmos se essa partidocracia é o melhor caminho.
A obrigatoriedade do voto, que também foi aprovada, é um tema que é encarado por muitos como um tema secundário, porém, não o vejo dessa forma. Creio que a democracia começa, inclusive, na hora em que decidimos se realmente queremos e estamos preparados para votar. Puxando para o lado funcional, também acredito que menos Tiriricas estariam ocupando cadeiras nos cargos políticos se o voto fosse facultativo, porque, quem vota dessa forma, não é uma pessoa que realmente queira participar do exercício democrático, sendo assim, melhor permiti-la ficar em casa e cuidar de sua mediocridade sem prejudicar a sociedade à volta.
Concluindo, não creio que tenhamos dado muitos passos a frente com essa Comissão. Nosso sistema político está, cada vez mais, obedecendo aos partidos que estão se aproveitando dessa falha bandeira da fidelidade partidária para controlar nosso voto. Precisamos urgentemente fazer campanhas de conscientização para evitar que nosso povo caia na enrascada de aderir a esses ideais mascarados de interesses partidários.
Por Luiz Vassallo

domingo, 17 de abril de 2011

"Misto quente" do Corinthians vence na última rodada


                 
Tinha tudo para ser o pior jogo da rodada. De um lado, o Corinthians, já classificado e com apenas 3 jogadores considerados titulares. Do outro, o Santo André, já rebaixado e preocupado com o jogo da próxima quarta-feira contra o Palmeiras pela Copa do Brasil.

Pode não ter sido o melhor jogo, mas ficou longe de ser um jogo monótono, pelo menos para o torcedor corintiano, que viu desde o início da partida os reservas do Corinthians movimentando muito bem a bola, criando oportunidades e levando perigo ao goleiro Neneca.

Mas, se por um lado o meio de campo tocava bem a bola, o ataque não convencia nem um pouco. Edno, que não é centroavante, pouco era acionado, e quando recebia a bola, desperdiçava chances claríssimas de gol.

Apesar das falhas, ficava visível que era qustão de tempo para que o 1º gol alvi-negro saísse. E saiu dos pés, ou melhor, da cabeça de Paulo André aos 21 minutos. O zagueiro não atuava desde Outubro, devido a uma lesão no joelho, e retornou em grande estilo atuando de forma segura na defesa, além, é claro, de ter marcado um gol.

Depois disso, o Corinthians administrou bem a partida até o final da primeira etapa dominando o Ramalhão que não deu trabalho algum ao goleiro Rafael Santos.

No segundo tempo, as equipes voltaram com as mesmas formações e as mesmas características. O Corinthians atacava e o Santo André defendia. E quando o Santo André defendia, o Corinthians, por incrível que pareça, atacava.

Ficaria assim até o final. O Corinthians garantia sua vaga na 3ª colocação e esperava apenas o apito do árbitro para voltar para casa. Mas, o que "apimentou" a partida foi o terceiro gol do Santos na Vila Beumiro que, devido ao número de gols marcados, passava o Timão na classificação do campeonato. No entanto, faltando três minutos para o fim da partida, Edno apareceu na área e, também de cabeça, marcou o gol que devolvia a 3ª colocação ao alvi-negro da capital.

Pontos curiosos: O Corinthians praticamente jogou com o mesmo time os 90 minutos da partida. A exceção se deu pela entrada do Volante Nenê Bonilha, revelação do Paulista de Jundiaí que jogou incríveis 30 segundos de partida com direito a dois toques na bola. Ele entrou no lugar do aplaudidíssimo Bruno César, que parece ter reencontrado o bom futebol.

Foi um teste razoável para os reservas que mostraram um bom serviço para o técnico Tite. Agora o Corinthians enfrenta o Oeste no domingo de Páscoa pelas quartas-de-final do Paulistão.

Por Rafael Costa